quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Série Grandes Coberturas - FHC Acerca de Erva


O evento de lançamento da Rede Pense Livre ocorrido ontem no auditório do Itaú Cultural teve ares de uma forma geral sóbrios, a despeito de alguns trocadilhos como o do palestrante que afirmou que 'ambas as questões das drogas e da sustentabilidade são coisas verdes'. O grande atrativo do encontro foi certamente a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, essa aliás é a forma que você se referiria ao evento se fosse contar para um amigo seu: ‘a palestra do FH acerca de erva’.

Mas o ex-presidente estava programado apenas para o headline e antes dele fizeram suas [breves] exposições algo entre dez e quinze palestrantes, divididos por temas. Segundo foi informado pela organização estavam presentes ali mais de 60 lideranças jovens de diversas áreas da sociedade.

A tônica da maior parte das falas era de ataque ao atual sistema de proibição e punição ao uso e comercialização de drogas, sistema tido como fracassado, ineficiente, gerador de violência, injustiça, distorções. Houve até a participação direto de Nova Iorque (via exibição de vídeo gravado) de uma cineasta de documentários brasileira, aparentemente membro do Council On Foreign Relations [órgão norte-americano que analisa questões internacionais], que afirmou que o próprio CFR já havia deliberado e concluido que a atual política de drogas é um fracasso.

No conteúdo das palestras bateu-se bastante na tecla da ignorância como sustentáculo da atual política, falou-se em buscar os parâmetros da discussão na ciência, em vozes mais equilibradas, em oposição ao atual ‘achismo’. Um rapaz chegou a colocar que 'não existe nada mais tóxico que a ignorância'. Confesso que no momento em que um palestrante defendeu, baseado segundo ele em sua experiência, que 'drogas não são um problema de política nem de saúde pública mas sim uma coisa que o ser humano faz' fiquei com a impressão de que no calor do momento ele deixou escapar a lógica.

Chamou minha atenção a exposição da jornalista Fernanda Mena que, pontuada por uma perspectiva histórica, buscou as origens das atuais políticas de proibição das drogas, que datariam do fim do século XIX e teriam ligação com iniciativas de religiosos.

Eis que findo o terceiro painel o mediador chama o convidado de honra ao tablado. Logo que ele se postou atrás do microfone ficou claro que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem uma coisa que na tradição da música pop é conhecida como presença de palco. Provavelmente dois mandatos de presidente façam diferença mas ainda assim apostei comigo mesmo que mesmo alguém que não tivesse a mínina idéia do que aquele senhor já havia aprontado poderia sacar a aura do sujeito.

Ele iniciou seu papo pedindo desculpas por não ter trazido nada para ler (referindo-se ao fato de alguns palestrantes optarem por ler trechos pré-escritos). Seguiu então expressando que ficou entusiasmado com a energia jovem que observara no local e logo mandou o ponto central do que ele veio pra dizer: 'o que defendo é a capacidade do ser humano de optar, de exercer a liberdade'. Falou de como é difícil pensar livremente, contra a maré dominante, de como ele mesmo já teve receio de tocar neste assunto, temendo o estigma que poderiam imputá-lo. Lembrou que pessoas investidas de representação pública começaram recentemente a tocar no assunto das deficiências da atual política de drogas, e que líderes do continente americano abriram debate sobre o tema, e 'se abriram debate é porque a política atual tem problemas' nas palavras do ex-presidente.

Fez elogio de grande sensibilidade ao presidente uruguaio José Mujica ('Uma pessoa com uma visão muito generosa do mundo. Um homem que ficou na cadeia, três, quatro anos, e saiu à la Mandela, com generosidade, entendendo os processos do mundo.') e citou a curiosa experiência do Uruguai que não só legalizou mas estatizou a produção de maconha, 'aí foi longe demais também rs', ponderou. Informou sobre reuniões que ocorrerão sobre o tema em breve na Polônia, onde, segundo FHC, assim como em todas as ex-nações socialistas do leste europeu, 'a proibição é prática comum'. Terminou sua palestra lembrando que não é a favor da difusão das drogas, mas sim de um olhar sociológico sobre o assunto e que acredita no 'efeito contagioso do pensamento livre'.


Apresentação headliner terminada, a grande figura da noite se retirou e todos os outros palestrantes se postaram à frente para uma sessão de perguntas. Como notasse que havia uma ferida, resolvi então meter-lhe o dedo. Coloquei que senti falta, no conteúdo das falas de uma forma geral, de uma investigação mais profunda dos motivos que levaram ao estado atual dessas tão terríveis políticas de drogas vigentes ao redor do mundo, pois já que se está falando sobre combater uma proibição faz-se-ia necessário entender melhor a sua natureza. Na maioria das falas me incomodava um certo excesso de certeza, como se fosse totalmente claro o que é o certo a se fazer sobre o assunto e a humanidade tivesse literalmente pangüado nos últimos cento e poucos anos.

Tive quatro respostas. Um dos rapazes acusou em tom levemente esbravejante a 'droga da demagogia' utilizada excusamente por políticos como motivadora da proibição, Fernanda relembrou sua fala sobre a gênese histórica das atuais políticas, um outro palestrante muito simpático de nome Miguel, com quem mais tarde fumei um tabaco na porta, reconheceu que no Brasil não são claras quais as forças que defendem o estado atual das coisas e que é uma piada reputar o título de 'barões da droga' aos traficantes dos morros do Rio, segundo ele parcamente estruturados para merecer tal título. Uma outra palestrante ainda afirmaria que o controle das drogas está ligado à questão racial e funcionaria como uma espécie de desculpa para a opressão de, por exemplo, negros e imigrantes latinos.

Na sequência um rapaz da produção do evento anunciou a próxima pergunta, ela vinha do internauta 'Cultivador'.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Série Grandes Diálogos - O Conceito de Trapalhada


stan: acabo de me meter numa grande trapalhada aqui no facebook

pedro: você adora se meter nessas frias ocasionalmente

stan: é vdd

pedro: você vai dar um tapa no cara acerta num gigante que tava atrás dele que vai te socar e você abaixa e acerta o pipoqueiro acaba vocês dois correndo deles e pulando do cais para não levar a coça de suas vidas

stan: nossa

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Pedro Moreira atua como 'pedro'

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Série Grandes Contos Verídicos - Os Guerreiros de Catanduva e Região

Minha mãe mora numa cidade pequena do interior true do estado de São Paulo. Interior true entende-se pós-Campinas, antes do que é tudo cidade-satélite. O interior true tem seus próprios centros metropolitanos e pros habitantes de lá a capital São Paulo é só uma distante Roma na qual eles estiveram certa vez e por quem nutrem certa aversão numas de 'é lá um monte de loucaço amontoado buzinando no meio da poluição'.

A cidade é daquelas pequenas mesmo e a casa fica na frente de uma praça raramente frequentada. É nela que num sábado à noite eles apareceram com suas máquinas e sua sede de confusão.

Como de costume nas noites que passo lá eu estava na varanda flagrando a internet e acordando os gatos pra me fazerem companhia e me aliviarem assim o medo de monstros, aliens, essas coisas barra.

A gangue iniciou seus trabalhos: drinks, roda de violão, desordem. Na segunda execução da seqüência 'Michel Teló -> hardcore que não conheço' tomei uma decisão abrupta: 'vou pintar lá no meio deles'.

Levantei, coloquei um cigarro no canto da boca e fui, abri o portão, saí, fui trocando os passos numa buena. No caminho as placas dos carros anunciavam: eram de cidades próximas, alguns de Catanduva, cidade onde morei na infância e de cujas gangues bem conheço a reputação. Eu já estava próximo quando minha aproximação foi notada e um a um eles foram me olhando, com exceção do tipo do violão que simplesmente seguia sua hábil troca de acordes.

Parei no meio da roda como se fosse membro habitual da gangue, foi um gesto ousado e o que se seguiu foi um momento de tensão. Eles se entreolhavam enquanto eu reparava que a quantidade enfileirada de garrafas vazias de algum destilado malucaço era surpreendente. Por sorte o Giraknob já havia me ensinado a identificar o líder de uma gangue: só ele tem um canivete. Ao líder então me dirigi, demonstrando respeito mas não com excessiva humildade 'Uôu, bacana o som aí. legal'.

Ele aliviou a expressão facial, preparou uma mistura com o destilado e me ofereceu 'é, o cara toca muito. bebe aí com a gente', era o sinal de abertura de relações. Na sequência ele me pediu um cigarro.

O líder era um tipo magrelo de boné e olhar impetuoso, conversava mantendo a pompa e deixava a verborragia para seu over-friendly assistente/papagaio-de-pirata. E como toda gangue de estrutura clássica essa tinha também seus soldados, nesse caso uns tipos puxa-ferro hillbilly de poucas palavras e muita lealdade ao general.

O tipo do violão, solícito, perguntou que som que eu curto pois ele tocaria se conhecesse. Pedi Charlie Brown Jr e ele mandou-lhe uma execução impecável de 'quinta-feira'. Na sequência tocou uma composta por ele, uma peça de gênero emo-radiohead bem construída.

Em dado momento assumiu a posição de porta-voz do grupo, com ar grave mas cordial, um rapaz que personifica a clássica figura ocidental do gordinho gente boa. Foi ele que me falou sobre os costumes da gangue. Os lugares freqüentados variariam entre praças como aquela e mega chopperias com grandes concertos de música sertaneja.

Quando o dia começou a clarear eles se despediram e apressaram-se em juntar as coisas, subiram em suas máquinas e partiram no longo caminho de volta a Coney Island.

sábado, 25 de agosto de 2012

Série Avisos - Uma Nova e Eterna Aliança

O Grande Tratado está de volta depois de 3 anos e algo.

Aqui é tudo série [as antigas, um monte de novas, um monte].
Aqui é busca por um deus muito mais Tuff Turf dublado.

Vem com a gente.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Série Avisos - Censura

Só pra avisar: a censura vai passar aqui às vezes bloqueando e/ou modificando o que bem entender, como passou agora.

Ahh sim. E a maioria das séries agora deixará de ser sequencial, ou de fingir que é sequencial. Talvez o termo 'série' em si signifique "algo que se apresenta sequencialmente", mas eu não ligo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Série Grandes Constatações - Profissões

Já quis ser muita coisa. Quando em quando me ocorre ser algo.
Já quis ser piloto de avião, cineasta iraniano, zagueiro truculento, senador, físico, entre outras coisas.
Recentemente passei por uma fase de querer ser antropólogo, mas no fim sempre acaba voltando a vontade de ser o axl rose na fase de 88 a 92.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Série Fragmentos de Religião com Desenho - parte 9 - Tamanho


De súbito Ele disse que tem coisa que é maior que os montes, mesmo os montes já sendo grandes.

Aí pra explicar essa parte lançou mão de termos novos, coisas que Ele não tinha mencionado ainda.